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Águas-vivas não tem têm ouvidos

Águas-vivas não tem têm ouvidos

tipo livro
estado novo
capa comum
editora Fósforo
ano de publicação 2023
categoria(s) Ficção
número de páginas 200
peso 342g
dimensões 21cm / 14cm / 2cm
R$ 69,90

descrição

Louise F. habita uma margem invisível entre dois mundos. Surda oralizada, desde os cinco anos precisa preencher as lacunas provocadas por uma deficiência auditiva, atravessando o que descreve como “ondas movediças do silêncio”. As horas que passou treinando leitura labial, interpretando, deduzindo e reconhecendo sons esparsos fizeram com que ela transitasse no mundo dos ouvintes, mas sem deixar de sentir as dificuldades próprias das pessoas com surdez.

Com o tempo, a perda auditiva de Louise progride, e chega um momento em que ela precisa decidir se opta pelo implante coclear ou mergulha de uma vez no silêncio. A falta de contornos não é limitadora, ao contrário, a partir da ambivalência da personagem, Adèle Rosenfeld constrói uma narrativa delicada e imaginativa, que oferece novas miradas sobre a realidade de Louise, que é também a sua.

Em Águas-vivas não têm ouvidos, os vestígios das palavras se transformam em presença, e da fantasia da protagonista emergem figuras que acompanham seus percalços para se ajustar às expectativas de um mundo que não a reconhece: um soldado inglês a ajuda a decifrar as palavras; um cachorro a segue para todos os cantos e uma botanista a auxilia na manutenção de um herbário sonoro, espécie de diário de ruídos cotidianos em que Louise, na urgência de preservar sons dos quais tem memória, arquiva a sirene dos bombeiros, o rugir da tempestade e o chiado da fritura de cebolas.

Neste romance repleto de humor e poesia, os leitores estão submersos na imaginação vívida de sua protagonista, guiados por uma escrita onírica e sensível em que os sons têm cores, o ato de comunicar torna-se uma investigação no estilo detetivesco e as palavras se materializam, ganham corpo e escapam em um ritmo próprio.

Na busca de reconciliação e autorreconhecimento, Louise se embrenha nos buracos da linguagem que conhece tão bem e a que tem tão pouco acesso. Estrangeira na própria língua, invisível na própria deficiência, resta a ela a tarefa de encontrar, como acontece com as águas-vivas, o equilíbrio e a sensibilidade para orientar seu caminho.

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