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Casados desde 1952, Eglê Malheiros e Salim Miguel, nomes fundamentais da literatura catarinense e brasileira, foram presos nos primeiros dias de abril de 1964, vítimas da repressão instaurada pelo golpe civil-militar. O episódio trágico marcou suas trajetórias artísticas e familiares, tornando-se um símbolo das feridas ainda abertas na história do Brasil.

O livro Arquivos de Prisão: Eglê Malheiros e Salim Miguel, organizado pelo historiador Ricardo Machado, da Universidade Federal da Fronteira Sul, publicado pela Editora Humana, apresenta ao público documentos produzidos no contexto da repressão exercida pelo governo militar bem como, posteriormente, os processos de anistia e de escrita de Salim Miguel que, em sua obra, deixou importante relato sobre este período. Este livro-arquivo, propõe um novo embaralhamento desses papéis — um gesto que, ao tensionar memórias e desestabilizar a linearidade do tempo, permite novas interpretações.

A publicação inclui perfis biográficos de Eglê Malheiros e Salim Miguel, excertos da escrita de Salim Miguel no livro “Primeiro de Abril”, publicado originalmente em 1994, bem como mapa visual dos espaços de repressão em Florianópolis, desenhado pelo artista Ivan Jerônimo.