Em As fantasias eletivas, Carlos Henrique Schroeder faz um ensaio sobre a alma humana. Na turística Balneário Camboriú, Renê, um recepcionista noturno de hotel conhecido como Mr. Álcool – tanto por sua meticulosidade na limpeza do balcão quanto por seu consumo desenfreado da substância -, tenta reconstruir sua vida. Certa noite, conhece Copi, uma travesti argentina, escritora, fotógrafa e poeta, que chega à cidade também para sepultar o próprio passado e deixa com Renê seu book de trabalho como acompanhante.

Copi passa pelo hotel todos os dias e, apesar do estranhamento inicial, logo ela e Renê ficam amigos. A relação próxima que desenvolvem busca aplacar a solidão dos dois, ambos tentando recomeçar depois de traumas passados. Balneário Camboriú, cenário escolhido para este recomeço, é por si um personagem da história – uma bela cidade turística cujos trabalhadores dão a turistas e forasteiros o acesso às suas belezas, ao mesmo tempo que impede esses mesmos trabalhadores de usufruir delas.

Uma reviravolta leva Renê a ler os escritos de Copi e a ser o único a ter acesso a suas fotos de surpreendente beleza. É quando um livro se abre dentro do livro, revelando mais sobre a impossibilidade das coisas, o alento que Copi encontrou na fotografia (que permite a ela escrever através das imagens) e suas poesias incompletas.

As fantasias eletivas une prosa, poesia e fotografia para refletir sobre a solidão e a criação literária, e mostra como a literatura, a de verdade, é sobretudo feita de sangue.