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Do corpo ao pó: crônicas da territorialidade kaiowá e guarani nas adjacências da morte
descrição
Aos leitores aconselho que preparem corações e mentes para o que Bruno Martins Morais vai contar. Já se sabe há muito que populações indígenas têm sido alvo da brutalidade genocida daqueles que não toleram sua existência insubmissa e fazem derramar seu sangue pela terra que dizemos nossa. Entre os mais atentos, tampouco é novidade que os Kaiowá e Guarani encabeçam as estatísticas de violência contra indígenas, lista tragicamente longa, e que inclui vários outros povos que insistem em obstar com sua presença e seu modo de vida os avanços do desenvolvimento econômico.
As páginas do noticiário e as redes sociais nos acostumaram ao estarrecimento, pelos massacres planejados, executados, incentivados, por vezes festejados e sistematicamente impunes, e nos habituaram à revolta com as artimanhas políticas, jurídicas e administrativas que deixam insolucionados os inúmeros crimes e disputas, e que adiam indefinidamente o enfrentamento da questão indígena no país. Mas creio que o acúmulo de dissabores não livrará ninguém do mal-estar, da perturbação e da angústia que certas passagens deste texto provocam.
O que lemos nas páginas deste livro vai muito além da denúncia, da retificação ou da elucidação dos números da violência contra os Kaiowá e Guarani, ainda que a partir daí se deflagre o longo e profundo movimento analítico do trabalho, que tem na articulação entre as estatísticas apenas um de seus corolários.
— Ana Claudia Duarte Rocha Marques, na orelha