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Documentário o cinema como testemunha
descrição
Nesta época de excesso midiático do real, as táticas expressivas do documentário têm se transformado em formas comuns de manifestação do discurso audiovisual. Desde a revolução tecnológica e estética do cinéma vérité, o documentário como forma de expressão artística tem perdido sua especificidade anterior e estendido sua territorialidade a âmbitos aparentemente estranhos às formas canônicas – entre outras, a exploração do inconsciente, o vídeo-diário, as autorrepresentações, a busca das qualidades metafísicas da experiência, documentários em animação e outras formas de hibridez manifestas com a ficção.
As filmografias do terceiro cinema, com altas cotas de compromisso com o atestado do social e um significativo peso do testemunhal, encontram no campo audiovisual documental um dos cenários mais ativos de busca e invenção. A não ficção latino-americana conta com uma sólida tradição própria, altos expoentes de criação e reflexão e uma modernidade cinematográfica contemporânea com as de vanguarda da segunda metade do século XX.
A riqueza das tendências, assim como os saberes que se produzem em torno dessas práticas, expressam a dinâmica do momento estético atual. Com esses pressupostos, o I Encontro de Documentaristas organizado pela Escola Internacional de Cinema e Televisão (EICTV) de San Antonio de los Baños, no mês de janeiro de 2009, teve como objetivo ativar a reflexão entre cineastas e estudiosos da não ficção, a partir da perspectiva de cinematografias e práticas periféricas de resistência. A Escola, fiel a seus princípios de formar cineastas comprometidos com o mundo e com seu tempo, desenhou este espaço porque acredita na multiplicidade de vozes e opções estilísticas, e na necessidade de que o artista-militante encontre sua verdade no oceano de informação que o rodeia. O presente livro reúne os registros daquele encontro.