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É isto um homem?

É isto um homem?

Primo Levi
tipo livro
estado novo
capa comum
editora Rocco
ano de publicação 2013
categoria(s) Não-ficção
número de páginas 256
peso 330g
dimensões 21cm / 14cm / 2cm
R$ 44,90

descrição

'É isto um homem?' é um libelo contra a morte moral do indivíduo. No livro, o escritor e químico italiano Primo Levi relembra seu sofrimento num campo de extermínio, sem, contudo, invocar qualquer resquício de autopiedade ou vingança. Deportado para Auschwitz em 1944, entre outros 650 judeus italianos, Levi foi um dos poucos que sobreviveram, retornando à Itália em 1945.

“Imagine-se, agora, um homem privado não apenas dos seres queridos, mas de sua casa, seus hábitos, sua roupa, tudo, enfim, rigorosamente tudo que possuía; ele será um ser vazio, reduzido a puro sofrimento e carência, esquecido de dignidade e discernimento – pois quem perde tudo, muitas vezes também perde também a si mesmo; transformado em algo tão miserável, que facilmente se decidirá sobre sua vida e sua morte, sem qualquer sentimento de afinidade humana, na melhor das hipóteses considerando puros critérios de conveniência. Ficará claro, então, o duplo significado da expressão “campo de extermínio”, bem como o que desejo expressar quando digo: chegar no fundo.”

Essa é a descrição crua e contundente da realidade vivida pelo jovem judeu italiano Primo Levi, na obra É isto um homem?. Clássico definitivo dos relatos de guerra e referência no tema da opressão nazista, o título retorna às livrarias com novo projeto de capa. Levi dá um relato em primeira pessoa sobre os 11 meses em que viveu – ou, melhor, sobreviveu – no campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, de fevereiro de 1944 a janeiro de 1945. Escrito um ano depois de sua libertação, em 1946, É isto um homem? despertou interesse a partir do final dos anos 50, ganhando o mundo com o relato assustador do escritor sobre a rotina no campo de extermínio.

O campo de extermínio é o produto de uma concepção de mundo levada às últimas consequências com uma lógica rigorosa. Em seu novo “lar”, Levi presenciou o quanto o ser humano pode abrir mão da sua humanidade: os opressores, por sua crueldade e indiferença com a vida alheia, e os oprimidos, para passar mais um dia simplesmente vivos. Os soldados e agentes não eram somente executores de ordens: uns claramente, outros veladamente, regozijavam-se com o poder que dispunham sobre os prisioneiros. Por outro lado, os prisioneiros faziam de tudo para sobreviver e a solidariedade entre eles era mais oportuna do que verdadeira.

No trem para Auschwitz, Levi chamava os soldados de Caronte, o barqueiro de Hades que transportava as almas para o inferno por uma moeda em troca. Moeda não havia mas os soldados pegavam os poucos bens que restavam dos detidos, afinal, para que lhes serviriam um anel ou relógio para onde iam? “Isto é o inferno. Hoje, em nossos dias, o inferno deve ser assim: uma sala grande e vazia, e nós, cansados, de pé, diante de uma torneira gotejante mas que não tem água potável, esperando algo certamente terrível, e nada acontece, e continua não acontecendo nada”, descreve Levi em sua chegada ao campo de extermínio.

Lá, Levi, com apenas 24 anos, deve criar mecanismos para manter-se vivo. Descobrir como achar um sapato que lhe caiba só de olhar no monte cheio de pares perdidos. Saber em que pessoas deve ou não confiar. Adaptar-se à cruel rotina de trabalho pesado no campo de concentração. Encontrar um oásis no inferno: a enfermaria para onde vão os presos feridos e doentes – lá é o único lugar do campo onde não há tortura física. Aprender a passar despercebido. Se entender onde ele não entende a língua e onde não o entendem. A ficar confinado numa cama estreita com um estranho. Não formar laços de afeto: seu companheiro de hoje pode não estar vivo amanhã. E, finalmente, apesar de tudo, ter perseverança e esperança para permanecer vivo e são até o dia em que aquele pesadelo acabaria, com a chegada dos russos à Polônia.

É isto um homem? desnuda o projeto essencial dos campos de extermínio: a demolição do homem por meio de grandes e pequenos atos de privação. É a redução do ser humano aos seus instintos mais básicos: um colecionador de farelos de pão, um lambedor de colher com restos de sopa. É o relato cru e sincero de um projeto de poder que deixou uma cicatriz profunda na humanidade.

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