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Evasões Poéticas
descrição
Um panorama da literatura contemporânea do oeste de Santa Catarina, com 16 escritories que encaram o mundo que violenta por ser o mundo que é. Um mundo que avança de coturno. Pisa, chuta e tropeça no que lhe é invisível. Quais são essas evasões poéticas? Quais os subterfúgios vividos? Este livro é um arquivo de insubordinações. Vozes evasivas que fazem da escrita poética uma força irradiadora do viver. Afinal, são sujeitos que, de um modo ou de outro, equilibram-se para sobreviver neste mundo que ruma entre labaredas e convulsões em direção ao abismo. A partir da escrita de prosas e poemas, registram e inventam outros modos de vida para si e para o entorno.
É possível perceber a presença da paisagem urbana contemporânea, mas também a permanência do modo de vida campesino, aqui elaborado como poética do existir. Se, por um lado, o espaço da cidade é cenário de deambulações (Gerli Mendes, Kairo Madah da Costa Moraes), fonte de perturbação (Ibriela Bianca, Leonardo Nolde) e produtor de solidões (Eduardo Wilder, Josif Nikto); por outro, o ambiente rural surge mais bem-humorado (Luana Terra, Mariana Berta), sem deixar de lado a crítica cerrada ao agronegócio, já que, na história recente, o acesso à terra é sinônimo de exclusão e luta. É possível escutar nas entrelinhas a reverberação de movimentos sociais como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC). Aqui está o registro de impasses estruturais da sociedade brasileira contemporânea: a violência sistemática contra a mulher (Aline Lebens, Maria Luiza Souza), as investidas do capital contra o bem viver e as espécies companheiras (Audrian Cassanelli, Danay Cabreira), a tentativa de apagamento de vidas que não se encaixam no status quo (Alice Souto, Eduarda Farina) e a guerra cultural travada em torno da liberdade de gênero (Emílio Juane Bruski, Théo Fortes).