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Memórias de um doente dos nervos
descrição
Este é um livro decisivo para a história da psicanálise. Situado em um ponto de acirramento máximo de luta contra o pai, contra Deus e contra a “ordem universal”, Schreber toca na essência da teologia política moderna e sua junção problemática entre amor e autoridade, sexualidade e poder.
Escrito em 1903 por um eminente jurista, recém-promovido à Corte de Apelação de Dresden na Alemanha, as Memórias de um doente dos nervos apresentam, com toda a minúcia requerida pelo mais rigoroso pensamento clínico, o desencadeamento de um processo paranoico. Alguns anos depois, o livro serviu de base para um ensaio seminal de Sigmund Freud, “Observações psicanalíticas sobre um caso de paranoia relatado em autobiografia”, lançado em 1911. Nesta edição, além da clássica tradução da psicanalista Marilene Carone (1942-87), o leitor encontra dois textos — ensaios luminosos de Elias Canetti e Roberto Calasso — que ampliam a compreensão do caso Schreber e atestam sua inquietante atualidade.
“Todo o livro de Schreber é permeado pela amarga queixa de que Deus, habituado ao trato com os mortos, não compreende os vivos.” Sigmund Freud