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Minha vida: conto de um provinciano
descrição
Em 1896, quando já gozava de grande fama como contista e consolidava seu nome como dramaturgo, Tchekhov publica minha vida, uma de suas primeiras obras ficcionais mais longas. Nessa novela - que tem aqui sua primeira tradução direta no Brasil, realizada por Denise Sales, que assina também o posfácio à edição -, é narrada a história de Missail Póloznev, um jovem que não consegue corresponder às expectativas que pesam sobre seus ombros, fracassando sucessivamente em diversos empregos burocráticos. Ao assumir a modesta ocupação de pintor de paredes, ele rompe com as tradições familiares e com a hierarquia social, personificadas na figura de seu pai.
Acompanhando a busca do rapaz por um lugar no mundo, Tchekhov se debruça, com extrema delicadeza, sobre um tema pouco recorrente em suas histórias: o áspero universo do trabalho braçal, com sua aridez, seu desencanto, seus mujiques e patrões. Cenário sombrio, mas a partir do qual o mestre russo nos conduz a algo mais profundo, que transcende as formas usuais do debate ideológico, mostrando que é possível retratar as contradições da sociedade justamente pelo que nelas há de mais humano.