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Modo de vida imperial: sobre a exploração de seres humanos e da natureza no capitalismo global
descrição
O conceito de modo de vida imperial tenciona compreender melhor a constelação global de poder e dominação que é reproduzida — por meio de inúmeras estratégias, práticas e consequências imprevistas — em todas as escalas espaciais e sociais: dos corpos, mentes e ações cotidianas que atravessam as regiões e as sociedades até as estruturas (invisíveis e invisibilizadas) que propiciam as interações globais, e também reproduzem relações altamente destrutivas entre a sociedade e a natureza, com enormes transferências de material biofísico. Isso ocorre não apenas entre regiões distintas de um mesmo país, mas em escala global — e se constitui por relações de dominação, as quais, ao mesmo tempo, reproduz.
[…] À medida que países emergentes como China, Índia e Brasil se desenvolvem como economias capitalistas, suas classes médias e altas adotam as práticas e representações da “boa vida” típicas do Norte Global, aumentando também sua demanda por recursos e a necessidade de se externalizarem custos, como as emissões de CO2. Consequentemente, eles se tornam concorrentes do Norte Global, não apenas no âmbito econômico, mas também no ecológico. O resultado são as tensões ecoimperiais que se cristalizam nas políticas climáticas e energéticas ao redor do mundo, por exemplo.
Reproduzimos diariamente, como indivíduos e como sociedade, pensamentos e atitudes impostas pelo imperialismo que há décadas emana dos países centrais do capitalismo, a ponto de que esse “modo de vida imperial” acabou se naturalizando entre a maioria dos seres humanos como a única maneira de se alcançar felicidade, conforto e bem-estar.
Neste livro, Ulrich Brand e Markus Wissen complexificam a análise sobre a dominação, apontando para elementos da exploração dos seres humanos e da natureza escondidos — ou nem tanto — em nosso cotidiano, tanto nos países “desenvolvidos” como nos “emergentes”. O resultado é uma obra profunda e acessível, que nos convida a buscar, por meio da crítica e da prática, a construção de modos de vida solidários como forma de desarmar a constante modernização do capitalismo — que agora busca se disfarçar com os tons verdes do ecologismo.