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Ninguém acendia as lâmpadas
descrição
Inédito no Brasil e publicado originalmente em 1947 pela editora Sudamericana em Buenos Aires, na Argentina, este foi o livro que colocou o autor em outro patamar, propagando-o além das províncias interioranas do Uruguai para um universo de leitores muito mais amplo e crítico.
Podemos dizer que, em Ninguém acendia as lâmpadas, há um protagonismo de objetos e elementos inanimados. Eles gravitam pelas histórias e ganham papéis importantes nas tramas, como se tivessem uma vida secreta. Temas como nostalgia e sonhos se destacam e, muitas vezes, a realidade é fantasiada e distorcida pelos personagens excêntricos. Existe uma delicadeza, uma mágica, uma força estranha entre eles. Não é incomum que os objetos apresentem características humanas, como se tivessem alma. Nestes contos, o cotidiano e o sonho coexistem, rompendo com tudo aquilo que encaramos como normal. A penumbra e a luz sob objetos e cenários são descritos recorrentemente nas narrativas e corroboram para a sensação de mistério que existe nas histórias. Segundo Jorge Monteleone (2015), a estratégia de Felisberto em seus contos era de apenas “revolver” o mistério, e não resolvê-lo. Normalmente os finais apresentam mistérios ainda maiores do que o mistério inicial, causando assim, nas palavras de Monteleone, “a inefabilidade de uma epifania poética”. Felisberto Hernández era obcecado pelo mistério. Aproveite-o.