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descrição
Robert Musil, faz parte de um seleto grupo de escritores, entre os quais Joyce, Kafka, Thomas Mann, Virginia Woolf, Proust e Faulkner, que, como destacou Muniz Sodré, romperam com a linguagem social para sugerir outra realidade, da consciência da personagem. Assim, Musil recusa ao seu leitor a trama racional elucidativa dos sintomas causados pelos traumas sexuais que Claudine e Verônica viveram na infância, suas fantasias eróticas precoces, as inquietações e angústias a impedir sua realização amorosa. Antes, a narrativa se concentra na subjetividade e na experiência íntima das duas mulheres num estilo que Clarice Lispector depois tornaria seu. Remando contra o voyeurismo e o consumismo literários, Musil põe em ação uma forma expressiva inteiramente nova, como ele mesmo diz em seu diário, uma sequência emocional, uma sequência de atmosferas, de onde surge, no limite, a aparência de uma conexão causal, sequências e aparências sob as quais a pena do grande artista delineia a sombra de um erotismo disruptivo.