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A cobra e o cão: Histórias de Axé
descrição
Existe todo tipo de relacionamento. Alguns são extremamente longos e duram uma vida inteira. Outros são efêmeros como paixões intensas de verão. Há aqueles que são agitados, tanto de uma forma afobada ou agoniante. Mas, em raros casos, dados relacionamentos são encontro de almas. Esse último é incomum, escasso entre os vivos e ocasionais entre os mortos. É uma relação intensa, mas tranquila, em que uma troca de olhares resolve tudo e não há como – e nem intenção – de manter segredos. A cumplicidade é a regra, assim como o respeito, de modo que os amantes tornam-se também companheiros, amigos, confidentes e cúmplices, sendo que não se trata dos amores românticos, platônicos, proibidos e viscerais narrados por Shakespeare.
O ser humano não compreende a sua real profundidade e movimento, sendo poucos aqueles que percebem alguns mínimos detalhes. E ele simplesmente acontece, assim como a chuva, o pôr do sol e a própria morte. E ele aconteceu entre dois Encantados, inescapável como o aperto mortal de uma serpente e leal como um cachorro. Aconteceu com Exu Veludo e Maria Quitéria, sendo poucos aqueles que puderam presenciar todo seu poder e irreverência.